Moça ferida! Moça ferida!

Moça ferida! Moça ferida!

Faz alguns anos, mas me lembro como se fosse ontem. Eu havia acordado naquela manhã me sentindo uma ameba.
Sentia-me longe de Deus, achava que não era mais digna do Seu amor e da Sua proteção. Tantas perdas: o pai, o marido, a união familiar, a paz de espírito. Era doloroso acordar a cada manhã, pois eu temia que o novo dia trouxesse novas perdas e outras desgraças, mas eu tinha que trabalhar.
Em verdade, meu trabalho era a única coisa que ainda me dava prazer e a única razão por que eu não me entregava totalmente à depressão.
Todos os dias, na escola em que eu trabalhava, eu tinha que subir uma grande rampa para dar aulas no 2º piso. Então, para não ser “atropelada” pelos pequenos da Educação Infantil, eu subia antes deles ou depois. Esse era o meu secreto terror diário, pois a ideia de cair no meio daquelas crianças me apavorava.
Um dia, porém, não consegui chegar mais cedo para subir antes. Os meus alunos do Médio já haviam subido e, no pátio, enfileirados e inquietos: os meus pequenos algozes!
Apressei o passo. Subi o mais rápido que pude. Esforço inútil. As muletas não me obedeciam.
No meio do percurso, escutei atrás de mim um barulho feito uma manada desvairada. O meu coração disparou. “Meu Deus, é agora que eu vou morrer” – pensei, dramaticamente.
Mas lá no meio da turba, algo me chamou a atenção. Uma pequena voz se destacava naquele burburinho, gritando:
– Moça ferida! Moça ferida!
O meu desespero aumentou: “quem era que estava machucada”?
Espremi-me contra a parede e olhei para trás.
A poucos palmos de mim, estava um garotinho, de 6 ou 7 anos, com os braços abertos, tentando bravamente conter seus coleguinhas para não me atropelarem. A moça ferida... Era eu!
Fiquei ali, parada, em estado de surpresa e graça, vendo todas aquelas crianças respeitarem a ordem e a postura daquele garotinho.
Deus estava me provando, de forma suave e contundente, que jamais me abandonaria. Ele achou uma forma de me dizer que sempre me protegeria nas rampas da escola ou nos abismos emocionais da vida, nem que para isso tivesse que usar anjos em forma de crianças!

Lídia Vasconcelos


Moça ferida! Moça ferida!

Faz alguns anos, mas me lembro como se fosse ontem. Eu havia acordado naquela manhã me sentindo uma ameba.
Sentia-me longe de Deus, achava que não era mais digna do Seu amor e da Sua proteção. Tantas perdas: o pai, o marido, a união familiar, a paz de espírito. Era doloroso acordar a cada manhã, pois eu temia que o novo dia trouxesse novas perdas e outras desgraças, mas eu tinha que trabalhar.
Em verdade, meu trabalho era a única coisa que ainda me dava prazer e a única razão por que eu não me entregava totalmente à depressão.
Todos os dias, na escola em que eu trabalhava, eu tinha que subir uma grande rampa para dar aulas no 2º piso. Então, para não ser “atropelada” pelos pequenos da Educação Infantil, eu subia antes deles ou depois. Esse era o meu secreto terror diário, pois a ideia de cair no meio daquelas crianças me apavorava.
Um dia, porém, não consegui chegar mais cedo para subir antes. Os meus alunos do Médio já haviam subido e, no pátio, enfileirados e inquietos: os meus pequenos algozes!
Apressei o passo. Subi o mais rápido que pude. Esforço inútil. As muletas não me obedeciam.
No meio do percurso, escutei atrás de mim um barulho feito uma manada desvairada. O meu coração disparou. “Meu Deus, é agora que eu vou morrer” – pensei, dramaticamente.
Mas lá no meio da turba, algo me chamou a atenção. Uma pequena voz se destacava naquele burburinho, gritando:
– Moça ferida! Moça ferida!
O meu desespero aumentou: “quem era que estava machucada”?
Espremi-me contra a parede e olhei para trás.
A poucos palmos de mim, estava um garotinho, de 6 ou 7 anos, com os braços abertos, tentando bravamente conter seus coleguinhas para não me atropelarem. A moça ferida... Era eu!
Fiquei ali, parada, em estado de surpresa e graça, vendo todas aquelas crianças respeitarem a ordem e a postura daquele garotinho.
Deus estava me provando, de forma suave e contundente, que jamais me abandonaria. Ele achou uma forma de me dizer que sempre me protegeria nas rampas da escola ou nos abismos emocionais da vida, nem que para isso tivesse que usar anjos em forma de crianças!

Lídia Vasconcelos



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