Adaptação na escola: 12 dicas para passar pelo processo
O período da adaptação escolar nem sempre é fácil e, muitas vezes, você sofre mais do que o seu filho...
Se
o seu filho vai passar por adaptação escolar, seja pela primeira vez ou
em uma nova instituição, quanto antes trabalhar isso, melhor – para ele
e para você. Afinal, não dá para negar que é um momento delicado para
toda a família. A criança, de repente, se vê no meio de pessoas
estranhas e novas regras com as quais precisa conviver e os pais mal
conseguem conter o pavor de imaginar seu “tesouro” sendo entregue aos
cuidados dos educadores. A fase da preparação você já passou: pesquisou
bastante, visitou diversas instituições e está seguro de sua escolha. No
entanto, agora chegou a hora pra valer! Veja a seguir doze dicas para
você e seu filho lidarem com a adaptação da melhor maneira possível.
A PRIMEIRA VEZ
1) Um pedacinho de casa
Primeiro
dia no berçário. Não dá para dizer que, porque seu filho não fala, a
adaptação será mais fácil. Até completar 9 meses, o bebê guarda as
informações na mente por meio de registros emocionais – e uma
experiência que não seja tranquila pode fazer com que ele tema a escola
por muito tempo. Para evitar problemas, você precisa estar disponível
para passar essa fase ao lado dele.
Levar
itens que tenham o cheiro do quarto dele, por exemplo, também vai
confortá-lo: pode ser a naninha ou o brinquedo do berço. Só não se
esqueça de manter atenção especial ao comportamento do seu filho. Como
ele não fala, você precisa perceber se está se alimentando e dormindo
bem, brincando normalmente ou se está com doenças respiratórias. Esses
são indicadores de que algo não vai bem. Caso isso aconteça, visite a
escola para ver se estão mantendo a rotina e converse com a coordenação.
2) Envolva seu filho
Para
a criança que precisará encarar a rotina de aulas pela primeira vez,
uma boa maneira de introduzir o assunto é dizer que ela está crescendo e
que, por isso, precisa de um espaço para brincar com outras crianças e
aprender coisas novas. Levá-la para comprar os materiais escolares ajuda
a prepará-la de uma forma estimulante. Para não ficar caro, dê
oportunidades de escolha, como “este ou aquele lápis?” ou “qual mochila
entre essas três é a melhor?”.
É
preciso, porém, sensibilidade para perceber se essa participação está
se transformando em ansiedade. Evite tocar muito no assunto e perguntar
se ele já está preparado muito antes da hora. Se possível, leve-o para
conhecer o colégio quando estiver mais perto do primeiro dia de aula.
3) Se prometer, cumpra
A
semana de adaptação das crianças que nunca foram à escola é muito
parecida na maioria delas. Os pais levam seus filhos por pequenos
períodos de tempo, que ficam maiores conforme eles vão se acostumando
com a ideia de estarem longe da família. Durante esse processo, é
fundamental que a criança se sinta segura e perceba que está no meio de
pessoas dignas de sua confiança. Mentir ou sair de fininho pode
dificultar as coisas. Se você disser que estará esperando no pátio, faça
exatamente isso. Os pais que não podem se ausentar do trabalho devem
explicar ao chefe que estão passando por um momento delicado e pode ser
que precisem sair às pressas em uma emergência.
4) Mantenha o equilíbrio entre aconchego e firmeza
Prepare-se,
porque as primeiras semanas de adaptação deixarão a criança mais
sensível. A mudança traz insegurança, medo, frustração, irritação,
muitas vezes traduzidos pelo choro. Embora seja difícil ver tudo isso
acontecer, pense que aprender a lidar com essas emoções é uma etapa
importante do desenvolvimento. Blindar seu filho disso só o deixará
frágil. Quando o choro aparecer, o melhor é reforçar que a escola é
importante, que você sabe que ele está sofrendo, mas acredita que ele
vai conseguir superar. É difícil para a criança e para você, mas é
necessário firmeza. Sem esquecer que ela precisará muito do seu colo e
da sua paciência. Afinal, momentos de separação nunca são fáceis. Foi
isso que ajudou a assistente comercial Hanã Carreiro, 25 anos, quando a
filha Izabelly, 3, foi para a escola pela primeira vez. Ela tinha 1 ano e
meio e chorava muito, mesmo na semana de adaptação, com a mãe junto.
Hanã chegou a levá-la dia sim, dia não para ver se a filha se acostumava
aos poucos. Mas o que funcionou mesmo foi ter muita paciência e
conversar com ela todos os dias, valorizando a escola. “No dia anterior
sempre conversava e explicava que o papai ia buscá-la no fim da aula.
Também procurei mostrar que ir para a escola era legal, com brincadeiras
e novos amigos”, lembra.
5) Rotina adaptada
Ao
começar a vida escolar, o dia a dia da criança muda completamente. Por
isso, alguns ajustes podem ser necessários para que ela se adapte de
forma mais tranquila. Quando a auxiliar de cabeleireiro Cintia Santos de
Souza, 27 anos, colocou o filho Luiz Paulo, 3, na escola, passou por
dias difíceis. Na época com 2 anos, o menino chorava a ponto de se jogar
no chão toda vez que chegava lá, não aceitava ficar na sala e não
comia.
Então,
a professora ligou para Cintia e propôs uma mudança na rotina de Luiz,
pois ele dormia e acordava tarde, ficando sem tempo para ir com calma
para a escola. A mãe começou a fazer atividades com ele de manhã,
depois, era hora de uma soneca, banho, almoço e, então, a ida para o
colégio. “No primeiro dia que fiz isso ele já não chorou tanto e, quando
cheguei pra buscá-lo, a professora disse que ele era outra criança.
Depois de uma semana, não chorava nem chamava por mim”, lembra.
MUDANÇA DE ESCOLA
6) Mundo novo
Se
o seu filho entrou com poucos meses no berçário, a mudança de colégio é
como se fosse a primeira vez. Nesse caso, siga também todas as dicas
dadas anteriormente. Para aquelas crianças que já estão adaptadas ao
ambiente escolar, mas vão enfrentar uma “mudança de ares”, o processo
costuma ser mais simples, mas isso não quer dizer que elas não precisem
de atenção. A separação dos amigos, dos professores e até da sala de
aula antiga costuma ser dolorosa e a integração a um novo grupo, muitas
vezes já formado, é um desafio. Nesse caso, mais do que disponibilidade
física, seu filho precisará de ajuda emocional.
Deixe
claro para ele que o contato com os amigos antigos pode ser mantido. E
ressalte, de forma positiva, que ele está tendo a oportunidade de
ampliar sua rede de amizades e aprender coisas novas. Não se esqueça de
perguntar como foi o dia na escola nova e o que você pode fazer para
ajudá-lo a se integrar melhor.
7) Este é meu filho!
A
adaptação com os professores também é fundamental, principalmente para
que eles conheçam detalhes de saúde e comportamento do seu filho que só
você pode contar, como o que ele tem mais resistência para comer, quais
são seus medos e dificuldades.
Também
é interessante pensar em formas de seu filho se apresentar aos colegas
para facilitar o entrosamento, como aconteceu com Júlia Gravinan, 3
anos, que é muito tímida. Quando a família precisou mudar de Belém (PA)
para São Paulo, a maior preocupação era a dificuldade de relacionamento
que ela teria. Então, escola e mãe se uniram. Na primeira semana de
aula, Júlia levou uma muda de açaí para que as outras crianças
conhecessem algo típico da região de onde veio. Além disso, para que
perdesse a timidez nas rodas de conversa, a família foi orientada a
guardar lembranças do fim de semana para que Júlia pudesse compartilhar
com os amigos. “Se íamos ao cinema, ela levava o ingresso para contar
sobre o filme. Se viajávamos para a praia, levava uma conchinha. Em
pouco tempo, estava mais falante”, relembra a mãe, a publicitária
Roberta Gravinan, 35 anos.
8) Como vai ser?
Você
pode contar para a criança o que ela vai encontrar lá na frente.
Explique o que aprenderá durante o ano e, se possível, antecipe a turma
com que seu filho vai conviver, apresentando alguns alunos antes mesmo
de as aulas começarem – converse com a escola e proponha que ela ajude.
Foi o que aconteceu com Lucas, 3 anos. Três meses antes de mudar de
Chapecó (SC) para Botucatu (SP), a professora teve uma ótima ideia, como
conta o pai Marcos Panhoza, 36. “O colégio de Chapecó fez uma aula só
sobre Botucatu, mostrando para os alunos tudo o que a cidade tinha de
interessante. Também pediram que a escola nova mandasse uma foto daquela
que seria a nova sala do Lucas.” Assim, o menino já chegou mais
enturmado e a adaptação ocorreu de forma tranquila.
A SUA PREPARAÇÃO
9) Não deixe a tristeza pegar você de surpresa
Talvez
você sinta a dor da separação mais do que seu filho e isso vai causar
tristeza. Por isso, esteja preparado para lidar com esse sentimento ou,
pelo menos, aceitá-lo, como fez a advogada Priscila Westphal, 31 anos.
Quando levou José Augusto, 2, à escola pela primeira vez, não se conteve
na hora em que precisou deixá-lo chorando com a professora.
“Desmoronei. Fui para a recepção e veio tanta culpa e dor que meu choro
se tornou compulsivo.”
Foi
só quando a professora disse que o menino se acalmou no instante em que
a mãe virou as costas que ela parou para refletir: “Como assim ele está
bem sem mim? Passei dois anos achando que era imprescindível na vida
dele. Depois lembrei que estou criando um filho para o mundo e ‘para o
mundo’ é, muitas vezes, longe de mim. É a escola da vida, né? Deixar ir e
aproveitar o voltar!”, opina Priscila.
Por
mais que você se prepare, talvez não esteja pronto quando chegar o
momento. Mas vale tentar: antes do começo das aulas, deixe seu filho
brincar com outras pessoas ou, se possível, leve-o para a casa da avó ou
da tia e vá fazer algo de que goste. Assim, vocês dois vão treinando
ficar longe um do outro.
10) Segurança na chegada
Despedir-se
do filho na entrada da escola é um dos momentos mais difíceis na vida
de uma mãe ou um pai. Se o filho vai para o berçário com poucos meses, a
aflição é por deixar alguém tão pequeno e indefeso nos braços de um
“estranho”. Se a criança já é um pouco maior, pode ser difícil por estar
mais acostumada a ficar em casa ou porque parte o coração dos pais
ouvir: “Não quero ir pra escola, quero ficar com você”. Sabemos que é
uma missão difícil, mas, nessa hora, estufe o peito, não deixe que ela
perceba a sua angústia e estimule que se sinta confiante e independente.
Caso
o seu filho ainda não ande, passe-o para o colo da professora com um
beijo, mas sem muita enrolação, pois o bebê também sente a sua
insegurança. Se ele já for maior, incentive-o a entrar na escola
caminhando e levando a própria mochila. Agora, se é você que não
consegue se controlar na hora do adeus, considere pedir para que outra
pessoa leve seu filho para a escola durante alguns dias. Com o tempo,
você estará mais tranquilo e poderá assumir a função outra vez.
11) Procure distrações
Será
que ele está bem? Está comendo direito? A professora vai ajudá-lo
quando ele precisar? Passar o dia pensando nessas questões só vai
deixá-lo com rugas de preocupação. Por isso, procure manter a cabeça
ocupada no período em que ficará sozinho. Que tal aproveitar para marcar
um almoço com aquele amigo que você não vê faz tempo? Se estiver
difícil de lidar com a angústia, procure conversar com outros pais que
já passaram por isso. Eles podem transmitir conforto.
12) Faça parte da turma
Não
é somente o seu filho que precisará passar por adaptação. Você também
terá uma fase de integração com os novos pais e professores – e é
importante estabelecer esse vínculo logo no início. Participe das
atividades propostas pelo colégio, procure ir aos eventos sociais, como
aniversários dos colegas, organize com outros pais piqueniques ou
passeios, como uma ida ao teatro. Lidar com as diferenças e ressaltar a
importância do convívio social são boas maneiras de dar o exemplo. E
estabelecer esse contato é uma forma de incentivá-lo ainda mais a se
abrir para novas amizades.
FONTES: Ana
Lúcia Figueira da Silva, coordenadora infantil da Escola Viva (SP);
Christine Bruder, psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child
Development (SP); Juliana Achcar, professora e pedagoga do Escola
Waldorf Casa Amarela Jardim (SC); Maria Teresa Andion, psicopedagoga da
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp); Rosa Maria Cavalcanti,
coordenadora e orientadora educacional do Colégio Brasil Canadá (SC);
Sanderli Aparecida Bicudo, pedagoga e especialista em relações
interpessoais na escola e construção da autonomia, do Gepem (Grupo de
Estudos e Pesquisas em Educação Moral); Terezinha Castilho Fulaneto,
coordenadora e orientadora educacional do Colégio Santo Ivo (SP)
Adaptação na escola: 12 dicas para passar pelo processo
O período da adaptação escolar nem sempre é fácil e, muitas vezes, você sofre mais do que o seu filho...
Se
o seu filho vai passar por adaptação escolar, seja pela primeira vez ou
em uma nova instituição, quanto antes trabalhar isso, melhor – para ele
e para você. Afinal, não dá para negar que é um momento delicado para
toda a família. A criança, de repente, se vê no meio de pessoas
estranhas e novas regras com as quais precisa conviver e os pais mal
conseguem conter o pavor de imaginar seu “tesouro” sendo entregue aos
cuidados dos educadores. A fase da preparação você já passou: pesquisou
bastante, visitou diversas instituições e está seguro de sua escolha. No
entanto, agora chegou a hora pra valer! Veja a seguir doze dicas para
você e seu filho lidarem com a adaptação da melhor maneira possível.
A PRIMEIRA VEZ
1) Um pedacinho de casa
Primeiro
dia no berçário. Não dá para dizer que, porque seu filho não fala, a
adaptação será mais fácil. Até completar 9 meses, o bebê guarda as
informações na mente por meio de registros emocionais – e uma
experiência que não seja tranquila pode fazer com que ele tema a escola
por muito tempo. Para evitar problemas, você precisa estar disponível
para passar essa fase ao lado dele.
Levar
itens que tenham o cheiro do quarto dele, por exemplo, também vai
confortá-lo: pode ser a naninha ou o brinquedo do berço. Só não se
esqueça de manter atenção especial ao comportamento do seu filho. Como
ele não fala, você precisa perceber se está se alimentando e dormindo
bem, brincando normalmente ou se está com doenças respiratórias. Esses
são indicadores de que algo não vai bem. Caso isso aconteça, visite a
escola para ver se estão mantendo a rotina e converse com a coordenação.
2) Envolva seu filho
Para
a criança que precisará encarar a rotina de aulas pela primeira vez,
uma boa maneira de introduzir o assunto é dizer que ela está crescendo e
que, por isso, precisa de um espaço para brincar com outras crianças e
aprender coisas novas. Levá-la para comprar os materiais escolares ajuda
a prepará-la de uma forma estimulante. Para não ficar caro, dê
oportunidades de escolha, como “este ou aquele lápis?” ou “qual mochila
entre essas três é a melhor?”.
É
preciso, porém, sensibilidade para perceber se essa participação está
se transformando em ansiedade. Evite tocar muito no assunto e perguntar
se ele já está preparado muito antes da hora. Se possível, leve-o para
conhecer o colégio quando estiver mais perto do primeiro dia de aula.
3) Se prometer, cumpra
A
semana de adaptação das crianças que nunca foram à escola é muito
parecida na maioria delas. Os pais levam seus filhos por pequenos
períodos de tempo, que ficam maiores conforme eles vão se acostumando
com a ideia de estarem longe da família. Durante esse processo, é
fundamental que a criança se sinta segura e perceba que está no meio de
pessoas dignas de sua confiança. Mentir ou sair de fininho pode
dificultar as coisas. Se você disser que estará esperando no pátio, faça
exatamente isso. Os pais que não podem se ausentar do trabalho devem
explicar ao chefe que estão passando por um momento delicado e pode ser
que precisem sair às pressas em uma emergência.
4) Mantenha o equilíbrio entre aconchego e firmeza
Prepare-se,
porque as primeiras semanas de adaptação deixarão a criança mais
sensível. A mudança traz insegurança, medo, frustração, irritação,
muitas vezes traduzidos pelo choro. Embora seja difícil ver tudo isso
acontecer, pense que aprender a lidar com essas emoções é uma etapa
importante do desenvolvimento. Blindar seu filho disso só o deixará
frágil. Quando o choro aparecer, o melhor é reforçar que a escola é
importante, que você sabe que ele está sofrendo, mas acredita que ele
vai conseguir superar. É difícil para a criança e para você, mas é
necessário firmeza. Sem esquecer que ela precisará muito do seu colo e
da sua paciência. Afinal, momentos de separação nunca são fáceis. Foi
isso que ajudou a assistente comercial Hanã Carreiro, 25 anos, quando a
filha Izabelly, 3, foi para a escola pela primeira vez. Ela tinha 1 ano e
meio e chorava muito, mesmo na semana de adaptação, com a mãe junto.
Hanã chegou a levá-la dia sim, dia não para ver se a filha se acostumava
aos poucos. Mas o que funcionou mesmo foi ter muita paciência e
conversar com ela todos os dias, valorizando a escola. “No dia anterior
sempre conversava e explicava que o papai ia buscá-la no fim da aula.
Também procurei mostrar que ir para a escola era legal, com brincadeiras
e novos amigos”, lembra.
5) Rotina adaptada
Ao
começar a vida escolar, o dia a dia da criança muda completamente. Por
isso, alguns ajustes podem ser necessários para que ela se adapte de
forma mais tranquila. Quando a auxiliar de cabeleireiro Cintia Santos de
Souza, 27 anos, colocou o filho Luiz Paulo, 3, na escola, passou por
dias difíceis. Na época com 2 anos, o menino chorava a ponto de se jogar
no chão toda vez que chegava lá, não aceitava ficar na sala e não
comia.
Então,
a professora ligou para Cintia e propôs uma mudança na rotina de Luiz,
pois ele dormia e acordava tarde, ficando sem tempo para ir com calma
para a escola. A mãe começou a fazer atividades com ele de manhã,
depois, era hora de uma soneca, banho, almoço e, então, a ida para o
colégio. “No primeiro dia que fiz isso ele já não chorou tanto e, quando
cheguei pra buscá-lo, a professora disse que ele era outra criança.
Depois de uma semana, não chorava nem chamava por mim”, lembra.
MUDANÇA DE ESCOLA
6) Mundo novo
Se
o seu filho entrou com poucos meses no berçário, a mudança de colégio é
como se fosse a primeira vez. Nesse caso, siga também todas as dicas
dadas anteriormente. Para aquelas crianças que já estão adaptadas ao
ambiente escolar, mas vão enfrentar uma “mudança de ares”, o processo
costuma ser mais simples, mas isso não quer dizer que elas não precisem
de atenção. A separação dos amigos, dos professores e até da sala de
aula antiga costuma ser dolorosa e a integração a um novo grupo, muitas
vezes já formado, é um desafio. Nesse caso, mais do que disponibilidade
física, seu filho precisará de ajuda emocional.
Deixe
claro para ele que o contato com os amigos antigos pode ser mantido. E
ressalte, de forma positiva, que ele está tendo a oportunidade de
ampliar sua rede de amizades e aprender coisas novas. Não se esqueça de
perguntar como foi o dia na escola nova e o que você pode fazer para
ajudá-lo a se integrar melhor.
7) Este é meu filho!
A
adaptação com os professores também é fundamental, principalmente para
que eles conheçam detalhes de saúde e comportamento do seu filho que só
você pode contar, como o que ele tem mais resistência para comer, quais
são seus medos e dificuldades.
Também
é interessante pensar em formas de seu filho se apresentar aos colegas
para facilitar o entrosamento, como aconteceu com Júlia Gravinan, 3
anos, que é muito tímida. Quando a família precisou mudar de Belém (PA)
para São Paulo, a maior preocupação era a dificuldade de relacionamento
que ela teria. Então, escola e mãe se uniram. Na primeira semana de
aula, Júlia levou uma muda de açaí para que as outras crianças
conhecessem algo típico da região de onde veio. Além disso, para que
perdesse a timidez nas rodas de conversa, a família foi orientada a
guardar lembranças do fim de semana para que Júlia pudesse compartilhar
com os amigos. “Se íamos ao cinema, ela levava o ingresso para contar
sobre o filme. Se viajávamos para a praia, levava uma conchinha. Em
pouco tempo, estava mais falante”, relembra a mãe, a publicitária
Roberta Gravinan, 35 anos.
8) Como vai ser?
Você
pode contar para a criança o que ela vai encontrar lá na frente.
Explique o que aprenderá durante o ano e, se possível, antecipe a turma
com que seu filho vai conviver, apresentando alguns alunos antes mesmo
de as aulas começarem – converse com a escola e proponha que ela ajude.
Foi o que aconteceu com Lucas, 3 anos. Três meses antes de mudar de
Chapecó (SC) para Botucatu (SP), a professora teve uma ótima ideia, como
conta o pai Marcos Panhoza, 36. “O colégio de Chapecó fez uma aula só
sobre Botucatu, mostrando para os alunos tudo o que a cidade tinha de
interessante. Também pediram que a escola nova mandasse uma foto daquela
que seria a nova sala do Lucas.” Assim, o menino já chegou mais
enturmado e a adaptação ocorreu de forma tranquila.
A SUA PREPARAÇÃO
9) Não deixe a tristeza pegar você de surpresa
Talvez
você sinta a dor da separação mais do que seu filho e isso vai causar
tristeza. Por isso, esteja preparado para lidar com esse sentimento ou,
pelo menos, aceitá-lo, como fez a advogada Priscila Westphal, 31 anos.
Quando levou José Augusto, 2, à escola pela primeira vez, não se conteve
na hora em que precisou deixá-lo chorando com a professora.
“Desmoronei. Fui para a recepção e veio tanta culpa e dor que meu choro
se tornou compulsivo.”
Foi
só quando a professora disse que o menino se acalmou no instante em que
a mãe virou as costas que ela parou para refletir: “Como assim ele está
bem sem mim? Passei dois anos achando que era imprescindível na vida
dele. Depois lembrei que estou criando um filho para o mundo e ‘para o
mundo’ é, muitas vezes, longe de mim. É a escola da vida, né? Deixar ir e
aproveitar o voltar!”, opina Priscila.
Por
mais que você se prepare, talvez não esteja pronto quando chegar o
momento. Mas vale tentar: antes do começo das aulas, deixe seu filho
brincar com outras pessoas ou, se possível, leve-o para a casa da avó ou
da tia e vá fazer algo de que goste. Assim, vocês dois vão treinando
ficar longe um do outro.
10) Segurança na chegada
Despedir-se
do filho na entrada da escola é um dos momentos mais difíceis na vida
de uma mãe ou um pai. Se o filho vai para o berçário com poucos meses, a
aflição é por deixar alguém tão pequeno e indefeso nos braços de um
“estranho”. Se a criança já é um pouco maior, pode ser difícil por estar
mais acostumada a ficar em casa ou porque parte o coração dos pais
ouvir: “Não quero ir pra escola, quero ficar com você”. Sabemos que é
uma missão difícil, mas, nessa hora, estufe o peito, não deixe que ela
perceba a sua angústia e estimule que se sinta confiante e independente.
Caso
o seu filho ainda não ande, passe-o para o colo da professora com um
beijo, mas sem muita enrolação, pois o bebê também sente a sua
insegurança. Se ele já for maior, incentive-o a entrar na escola
caminhando e levando a própria mochila. Agora, se é você que não
consegue se controlar na hora do adeus, considere pedir para que outra
pessoa leve seu filho para a escola durante alguns dias. Com o tempo,
você estará mais tranquilo e poderá assumir a função outra vez.
11) Procure distrações
Será
que ele está bem? Está comendo direito? A professora vai ajudá-lo
quando ele precisar? Passar o dia pensando nessas questões só vai
deixá-lo com rugas de preocupação. Por isso, procure manter a cabeça
ocupada no período em que ficará sozinho. Que tal aproveitar para marcar
um almoço com aquele amigo que você não vê faz tempo? Se estiver
difícil de lidar com a angústia, procure conversar com outros pais que
já passaram por isso. Eles podem transmitir conforto.
12) Faça parte da turma
Não
é somente o seu filho que precisará passar por adaptação. Você também
terá uma fase de integração com os novos pais e professores – e é
importante estabelecer esse vínculo logo no início. Participe das
atividades propostas pelo colégio, procure ir aos eventos sociais, como
aniversários dos colegas, organize com outros pais piqueniques ou
passeios, como uma ida ao teatro. Lidar com as diferenças e ressaltar a
importância do convívio social são boas maneiras de dar o exemplo. E
estabelecer esse contato é uma forma de incentivá-lo ainda mais a se
abrir para novas amizades.
FONTES: Ana
Lúcia Figueira da Silva, coordenadora infantil da Escola Viva (SP);
Christine Bruder, psicóloga e psicanalista do berçário Primetime Child
Development (SP); Juliana Achcar, professora e pedagoga do Escola
Waldorf Casa Amarela Jardim (SC); Maria Teresa Andion, psicopedagoga da
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp); Rosa Maria Cavalcanti,
coordenadora e orientadora educacional do Colégio Brasil Canadá (SC);
Sanderli Aparecida Bicudo, pedagoga e especialista em relações
interpessoais na escola e construção da autonomia, do Gepem (Grupo de
Estudos e Pesquisas em Educação Moral); Terezinha Castilho Fulaneto,
coordenadora e orientadora educacional do Colégio Santo Ivo (SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário