Transtorno Desafiador Opositivo (TDO): o que é?


Transtorno Desafiador Opositivo (TDO): o que é?


Uma criança levanta a mão para os pais, grita sem parar e se joga no chão. Provavelmente você já vivenciou ou se deparou com uma cena dessas, já que uma birra aqui, outra ali é normal e inerente ao desenvolvimento das crianças. Quando os chiliques ficam cada vez mais frequentes e já não têm lugar certo para acontecer (escola, casa, restaurante, casa das avós) podem significar um problema comportamental sério chamado Transtorno Desafiador Opositivo (TDO), também apelidado como síndrome do imperador ou síndrome do reizinho.

A criança que sofre dessa condição apresenta, além dos ataques, perda rápida de paciência, dificuldade de seguir regras e de relacionamento e reações agressivas e violentas. Ou seja, todo um contexto que pode prejudicar a qualidade de vida da família.


É justamente sobre esse assunto que o psiquiatra e psicoeducador especialista em transtornos comportamentais, Gustavo Teixeira, decidiu se debruçar para escrever o livro O Reizinho da Casa - Manual para Pais de Crianças Opositivas, Desafiadoras e Desobedientes. O título faz alusão à criança que tem todos os seus desejos atendidos por causa da capacidade de intimidar os pais e educadores com seu comportamento agressivo. O especialista traça um perfil do transtorno, levanta os sintomas e propõe maneiras de tratamento que podem ser feitas em casa.

Quais são os traços de comportamento que fazem da criança “O Reizinho da Casa”?
GUSTAVO TEIXEIRA: Bem, quando falo em Reizinho da Casa estou me referindo às crianças com comportamento opositivo, desafiador, desobediente e que manipulam pais e familiares. O Transtorno Desafiador Opositivo é uma condição comportamental grave, pois pode diminuir significativamente a qualidade de vida da família. No Brasil, ainda não há estatísticas sobre a incidência deste problema, mas estudos científicos internacionais apontam que a condição pode afetar mais de 10% da população infantil.


A família tem influência para que esses desvios de comportamento aconteçam?
GUSTAVO TEIXEIRA: A ciência já sabe que os problemas de comportamento estão relacionados a causas genéticas e ambientais. Isso quer dizer que há uma pré-disposição da criança a ter problemas como o TDO. Por exemplo, se ela é muito impulsiva ou agressiva, tem mais chances de ter o diagnóstico. Embora os cientistas nunca tenham encontrado um fator biológico responsável pelos problemas de comportamento, pesquisas observacionais mostram que pode acontecer de uma família com três filhos que tiveram exatamente a mesma educação notar o problema em apenas um deles.

Mas o ambiente em que a criança vive tem papel fundamental no desenvolvimento do transtorno. Se a família é muito permissiva e não estabelece regras claras, limites, normas e ensinamentos éticos ou ela cresce sofrendo violência ou agressão dos pais, isso tudo aumenta o risco do problema. Outro desencadeador é quando há falta de diálogo entre filhos e pais e entre mãe e pai. Quando os envolvidos “não falam a mesma língua”, fica difícil lidar com os problemas que aparecem.


No livro, você diz que o Transtorno Desafiador Opositivo é comum nos consultórios médicos. Como é possível ter um diagnóstico preciso, já que os sintomas se confundem com outros problemas de comportamento, como os ataques de birra?
GUSTAVO TEIXEIRA: Para diferenciar um problema de comportamento normal de um desvio como o TDO, geralmente o especialista presta atenção em dois parâmetros principais: o funcionamento acadêmico e o social da criança. O acadêmico significa perceber se ela está indo bem na escola, se há reclamação dos professores, se ela consegue acompanhar a turma nos estudos. Quanto ao social, observa-se se a criança entra em atrito constante com os pais e irmãos, se ela não muda de opinião de jeito nenhum, se consegue se relacionar com as outras crianças. Uma ou outra característica dessas é comum. O problema é quando os sintomas são tão graves a ponto de produzir sofrimento e dor para a criança e seus familiares. Nesses casos, é recomendável o acompanhamento de um especialista e, às vezes, até medicamentos para controlar os sintomas.

Há uma idade mais propícia ao aparecimento deste transtorno?
GUSTAVO TEIXEIRA: Como os demais desvios comportamentais, depende mais do tipo de contexto no qual a criança está inserida do que de uma idade propriamente dita. No entanto, a gente observa mais casos do Transtorno Desafiador Opositivo em crianças entre 6 e 8 anos de idade, que é quando as relações sociais começam a ficar mais bem definidas.

O que é mais recomendável que a família faça diante de um chilique da criança? Existe alguma maneira rápida e eficiente de lidar com a situação?
GUSTAVO TEIXEIRA: A ideia central do meu livro, O Reizinho da Casa, é justamente oferecer técnicas de intervenção para pais de crianças opositivas, desafiadoras e desobedientes. No calor do momento, os pais precisam mandar uma mensagem clara para o filho de que aquele comportamento não é correto e não será tolerado. O ideal é aprender a lidar com a situação e evitar que o chilique apareça. Defendo que técnicas de reforço positivo e punição branda devem ser aprendidas por todos os pais e usadas quando necessário. Claro que um médico especialista em comportamento infantil deve ser acionado em alguns casos.

E quando o TDO se manifesta na escola, como os professores podem identificar e lidar com o problema?
GUSTAVO TEIXEIRA: Alguns dos sintomas mais observados na escola são: discussões com professores e colegas, recusa em trabalhar em grupo, não aceitar ordens, não fazer lição, lidar mal com críticas, desafiar a autoridade de professores e coordenadores, fazer tudo à sua maneira, perturbar os outros alunos e responsabilizar os outros por seu comportamento hostil. Ao perceber a presença recorrente desses sintomas, o melhor é a direção da escola conversar com os pais imediatamente.




Transtorno Desafiador Opositivo (TDO): o que é?


Uma criança levanta a mão para os pais, grita sem parar e se joga no chão. Provavelmente você já vivenciou ou se deparou com uma cena dessas, já que uma birra aqui, outra ali é normal e inerente ao desenvolvimento das crianças. Quando os chiliques ficam cada vez mais frequentes e já não têm lugar certo para acontecer (escola, casa, restaurante, casa das avós) podem significar um problema comportamental sério chamado Transtorno Desafiador Opositivo (TDO), também apelidado como síndrome do imperador ou síndrome do reizinho.

A criança que sofre dessa condição apresenta, além dos ataques, perda rápida de paciência, dificuldade de seguir regras e de relacionamento e reações agressivas e violentas. Ou seja, todo um contexto que pode prejudicar a qualidade de vida da família.


É justamente sobre esse assunto que o psiquiatra e psicoeducador especialista em transtornos comportamentais, Gustavo Teixeira, decidiu se debruçar para escrever o livro O Reizinho da Casa - Manual para Pais de Crianças Opositivas, Desafiadoras e Desobedientes. O título faz alusão à criança que tem todos os seus desejos atendidos por causa da capacidade de intimidar os pais e educadores com seu comportamento agressivo. O especialista traça um perfil do transtorno, levanta os sintomas e propõe maneiras de tratamento que podem ser feitas em casa.

Quais são os traços de comportamento que fazem da criança “O Reizinho da Casa”?
GUSTAVO TEIXEIRA: Bem, quando falo em Reizinho da Casa estou me referindo às crianças com comportamento opositivo, desafiador, desobediente e que manipulam pais e familiares. O Transtorno Desafiador Opositivo é uma condição comportamental grave, pois pode diminuir significativamente a qualidade de vida da família. No Brasil, ainda não há estatísticas sobre a incidência deste problema, mas estudos científicos internacionais apontam que a condição pode afetar mais de 10% da população infantil.


A família tem influência para que esses desvios de comportamento aconteçam?
GUSTAVO TEIXEIRA: A ciência já sabe que os problemas de comportamento estão relacionados a causas genéticas e ambientais. Isso quer dizer que há uma pré-disposição da criança a ter problemas como o TDO. Por exemplo, se ela é muito impulsiva ou agressiva, tem mais chances de ter o diagnóstico. Embora os cientistas nunca tenham encontrado um fator biológico responsável pelos problemas de comportamento, pesquisas observacionais mostram que pode acontecer de uma família com três filhos que tiveram exatamente a mesma educação notar o problema em apenas um deles.

Mas o ambiente em que a criança vive tem papel fundamental no desenvolvimento do transtorno. Se a família é muito permissiva e não estabelece regras claras, limites, normas e ensinamentos éticos ou ela cresce sofrendo violência ou agressão dos pais, isso tudo aumenta o risco do problema. Outro desencadeador é quando há falta de diálogo entre filhos e pais e entre mãe e pai. Quando os envolvidos “não falam a mesma língua”, fica difícil lidar com os problemas que aparecem.


No livro, você diz que o Transtorno Desafiador Opositivo é comum nos consultórios médicos. Como é possível ter um diagnóstico preciso, já que os sintomas se confundem com outros problemas de comportamento, como os ataques de birra?
GUSTAVO TEIXEIRA: Para diferenciar um problema de comportamento normal de um desvio como o TDO, geralmente o especialista presta atenção em dois parâmetros principais: o funcionamento acadêmico e o social da criança. O acadêmico significa perceber se ela está indo bem na escola, se há reclamação dos professores, se ela consegue acompanhar a turma nos estudos. Quanto ao social, observa-se se a criança entra em atrito constante com os pais e irmãos, se ela não muda de opinião de jeito nenhum, se consegue se relacionar com as outras crianças. Uma ou outra característica dessas é comum. O problema é quando os sintomas são tão graves a ponto de produzir sofrimento e dor para a criança e seus familiares. Nesses casos, é recomendável o acompanhamento de um especialista e, às vezes, até medicamentos para controlar os sintomas.

Há uma idade mais propícia ao aparecimento deste transtorno?
GUSTAVO TEIXEIRA: Como os demais desvios comportamentais, depende mais do tipo de contexto no qual a criança está inserida do que de uma idade propriamente dita. No entanto, a gente observa mais casos do Transtorno Desafiador Opositivo em crianças entre 6 e 8 anos de idade, que é quando as relações sociais começam a ficar mais bem definidas.

O que é mais recomendável que a família faça diante de um chilique da criança? Existe alguma maneira rápida e eficiente de lidar com a situação?
GUSTAVO TEIXEIRA: A ideia central do meu livro, O Reizinho da Casa, é justamente oferecer técnicas de intervenção para pais de crianças opositivas, desafiadoras e desobedientes. No calor do momento, os pais precisam mandar uma mensagem clara para o filho de que aquele comportamento não é correto e não será tolerado. O ideal é aprender a lidar com a situação e evitar que o chilique apareça. Defendo que técnicas de reforço positivo e punição branda devem ser aprendidas por todos os pais e usadas quando necessário. Claro que um médico especialista em comportamento infantil deve ser acionado em alguns casos.

E quando o TDO se manifesta na escola, como os professores podem identificar e lidar com o problema?
GUSTAVO TEIXEIRA: Alguns dos sintomas mais observados na escola são: discussões com professores e colegas, recusa em trabalhar em grupo, não aceitar ordens, não fazer lição, lidar mal com críticas, desafiar a autoridade de professores e coordenadores, fazer tudo à sua maneira, perturbar os outros alunos e responsabilizar os outros por seu comportamento hostil. Ao perceber a presença recorrente desses sintomas, o melhor é a direção da escola conversar com os pais imediatamente.




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